O Ministério da Justiça de Portugal afirmou que a mudança
pode beneficiar os novos processos e aqueles que já estão em fase de análise
A mais recente alteração na lei da nacionalidade de
Portugal, em vigor desde o último dia 11, facilita –e muito– a atribuição de
cidadania para os netos de portugueses.
A partir de agora, o conhecimento da língua portuguesa será
suficiente para provar a existência de um “vínculo efetivo com Portugal”, um
dos pré-requisitos para a obtenção do passaporte luso.
Nos últimos anos, a comprovação de relações estreitas com o
país de Camões era bem mais burocrática. Os requerentes precisavam provar a
realização de viagens regulares a Portugal, apresentar escrituras de imóveis no
país ou, com frequência, associações com entidades culturais ou esportivas
portuguesas.
Uma das principais queixas era de que a existência de
critérios mais subjetivos para comprovação de elos com Portugal tornava o
processo mais burocrático, incerto e, principalmente, mais caro.
“A mudança dá mais segurança jurídica às requisições de
nacionalidade por netos de portugueses”, diz Raphaela Souza, advogada
especializada em processos de cidadania feitos para brasileiros.
A movimentação de interessados em pleitear a nacionalidade
lusa, segundo ela, já aumentou. Nas redes sociais, a nova legislação foi
recebida com entusiasmo nos grupos que reúnem postulantes à dupla cidadania. O
clima é de celebração.
O Ministério da Justiça de Portugal afirmou que a mudança
pode beneficiar não apenas os novos processos mas também aqueles que já estão
em fase de análise.
“O IRN [Instituto dos Registros e Notariados] entende que,
no que diz respeito aos netos, é possível apreciar e decidir os processos
pendentes já de acordo com as alterações que entram vigor “, diz a pasta, em
nota.
Portugal vem facilitando a obtenção de sua nacionalidade.
Desde 2013, o país já ganha mais novos cidadãos por meio de cartórios
–naturalizações e atribuições– do que pelo nascimento de bebês. Em 2018, a
diferença foi de quase 41 mil pessoas, um recorde.
Entre 2015 e 2019, houve 533.595 estrangeiros que passaram a
ter também a cidadania lusa.
No caso dos netos de portugueses, a principal mudança entrou
em vigor em 2017, quando o segmento ganhou a possibilidade de pleitear a
chamada nacionalidade de origem, que permite “mais benefícios” do que a
cidadania por naturalização, modalidade permitida até então.
A nacionalidade de origem é equiparável à de um português
nascido no país e pode ser transmitida aos filhos, mesmo que eles sejam maiores
de idade.
A alteração provocou uma explosão de pedidos de cidadania de
netos de portugueses, tanto nos escritórios que cuidam da questão em Portugal
quanto nos postos de atendimento consulares.
Atualmente, o tempo de espera nesses casos é de, em média,
cerca de 24 meses, caso a documentação esteja correta. A atual mudança
legislativa também facilita o acesso da cidadania a filhos de imigrantes.
A partir de agora, bebês nascidos em Portugal que sejam
filhos de estrangeiros com pelo menos um ano de residência legal no país terão
direito imediato à nacionalidade.
Desde 2018, eram exigidos dois anos de residência regular.
Em 2015, o período mínimo era de cinco anos.
Fonte: Jornal Brasília