Tecnologia
não vai acabar com os cartórios, mas pode transformá-los profundamente; entenda
A
pergunta "A tecnologia vai acabar com os cartórios?" surge
frequentemente em debates sobre o futuro do direito notarial. É um
questionamento provocativo, mas que merece uma análise técnica e objetiva.
A
resposta curta é: não, mas vai transformá-los profundamente. A tecnologia não é
uma ameaça ao notariado, mas uma aliada poderosa na modernização dos serviços
prestados, sem comprometer a essência do que faz os cartórios indispensáveis: a
segurança jurídica.
Desde
o surgimento do e-Notariado, que já permitiu mais de 1,2 milhão de atos
digitais apenas em São Paulo, vemos que a tecnologia não substitui o tabelião.
Pelo contrário, ela potencializa nossa capacidade de entregar eficiência,
acessibilidade e segurança em um mundo cada vez mais digital. Assinaturas
digitais com certificado e plataformas como o e-Notariado são exemplos de como
estamos integrando o avanço tecnológico à tradição jurídica.
Por
mais que a tecnologia avance, há algo que ela não substitui: a confiança
pública. Em um ambiente digital, onde falsificações, fraudes e violações de
privacidade são riscos reais, os cartórios se tornam ainda mais essenciais.
Somos a ponte entre a inovação tecnológica e a confiança necessária para que
atos e contratos tenham validade e proteção.
Por
exemplo, blockchain e contratos inteligentes oferecem automação e
rastreabilidade, mas quem garante que as partes realmente compreenderam as
cláusulas? Que não houve coação ou erro? Essa é a função insubstituível do
tabelião: assegurar que o ato jurídico seja realizado com total segurança e
legitimidade.
O
que a tecnologia realmente faz é nos desafiar a evoluir. Estamos vivendo uma
revolução digital, e os cartórios não apenas acompanham esse movimento, mas
lideram em muitos aspectos. A digitalização dos serviços, a integração de
sistemas e o uso de inteligência artificial não reduzem a relevância dos
tabeliães; pelo contrário, reforçam a importância de termos profissionais
capacitados para garantir a solidez e a integridade jurídica de todas as
transações.
Portanto,
a questão não é se a tecnologia vai acabar com os cartórios, mas como ela pode
ser usada para fortalecer nossa missão. Tabeliães e tecnologia caminham lado a
lado, adaptando-se às novas demandas da sociedade enquanto preservam os pilares
da segurança jurídica.
O
desafio está lançado: transformar sem perder a essência. E, como sempre,
estaremos prontos para inovar e garantir que o futuro seja construído com
confiança, tanto no papel quanto no digital.
E
você, como enxerga o futuro do notariado na era da tecnologia?
*Andrey
Guimarães Duarte é tabelião e vice-presidente do Colégio Notarial do
Brasil Seção SP.
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Fonte:
Exame