Em
2022, foram registrados 420.039 divórcios comuns, aumento de 8,6% em relação a
2021, que teve 386.813
Os
números não mentem: cerca de 30% dos divórcios registrados
no Brasil ocorrem entre pessoas acima de 50 anos, segundo as Estatísticas
do Registro Civil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Há pouco mais de uma década, esse índice era de menos de 10%. O
fenômeno, conhecido como "divórcio cinza" ou "grey
divorce", vem ganhando força, especialmente entre casais de longa data que
decidem encerrar o relacionamento em busca de novos propósitos e experiências.
Ainda
que seja uma tendência ativa, sobretudo entre as mulheres mais
velhas, o divórcio
em geral têm mostrado um aumento significativo nos últimos anos, conforme revela
o IBGE.
Em
2022, foram
registrados 420.039 divórcios, aumento de 8,6% em relação a 2021, que
teve 386.813. Foi o maior número desde o início da série histórica em 2007 e
corresponde a aproximadamente um divórcio para cada 2,3 casamentos.
O
'divórcio cinza' está em alta
A
tendência vem mudando ao longo dos anos motivada por mais independência —
emocional e financeira — das mulheres, em especial as mais
velhas. Especialistas apontam que a maior expectativa de vida, associada à
aposentadoria e ao empoderamento feminino, é uma das razões por do aumento dos
"divórcios cinzas". A ideia de permanecer em um casamento
"morno" deixou de ser uma obrigação social, e uma separação
matrimonial já não carrega mais o estigma de décadas atrás.
O
fortalecimento da independência feminina também desempenha um papel crucial no
aumento do "divórcio cinza". Com carreiras consolidadas e maior
autonomia financeira, as mulheres também se sentem mais confiantes para romper
relações que não atendem às suas expectativas, o que aumenta a tendência das
separações.
Mais
do que uma ruptura, o "divórcio cinza" tem sido visto como uma nova
fase da vida.
Até
que a morte nos separe?
O
perfil dos divórcios no Brasil tem passado por mudanças significativas nos
últimos anos. De acordo com os dados mais recentes do IBGE, a idade média dos
homens no momento da separação é de 44 anos, enquanto para as mulheres é de 41.
O
tempo médio de duração dos casamentos também tem diminuído. Em 2010, os
divórcios ocorriam, em média, após 16 anos de união. Hoje, esse número caiu
para 13,8 anos e 47,7% das separações acontecem após menos de 10 anos de
casamento, indicando mudanças nas dinâmicas familiares e na percepção sobre a
continuidade de relações insatisfatórias.
Outra
tendência marcante é o aumento da guarda compartilhada em casos de divórcios
com filhos menores. Em 2014, apenas 7,5% dos casos optavam por esse modelo,
enquanto em 2022 o número subiu para 37,8%. Em contrapartida, a guarda
exclusiva pela mãe diminuiu de 85% para 50,3% no mesmo período, refletindo uma
maior divisão de responsabilidades entre os pais.
No
cenário regional, algumas cidades do Paraná registraram as maiores taxas de
divórcio no país. Em Ivatuba, foram contabilizados 7 divórcios para cada mil
habitantes, enquanto Iracema do Oeste registrou 6 divórcios por mil habitantes.
Esses dados mostram não apenas o aumento na taxa de separações, mas também uma
evolução nas práticas relacionadas às dinâmicas familiares e sociais no Brasil.
Fonte:
Exame