Finalizado,
o texto da reforma administrativa será apresentado na Câmara dos Deputados,
nesta quinta-feira (2/10)
O
relator da proposta da reforma
administrativa que o Congresso vai debater,
deputado Pedro Paulo (PSD/RJ), finalizou o texto da Proposta de Emenda a
Constituição (PEC) e deve protocolar a matéria na Câmara dos Deputados, nesta
quinta-feira (2/10). A previsão é de que o texto seja votado no próximo mês.
A
PEC prevê medidas como a limitação dos supersalários e
auxílios de alimentação, transporte e saúde, a criação de metas de desempenhos
para servidores e o fim de privilégios, como férias acima de 30 dias e
licença-prêmio.
Ao Metrópoles o
deputado afirmou que, por uma questão regimental, o grupo de trabalho da
reforma administrativa foi responsável por assinar o texto da PEC, tendo em
vista que ele será designado relator da matéria.
Na
prática, a reforma tem o objetivo de mudar a forma como são feitas as
contratações pelo Estado. A ideia é criar vínculos mais flexíveis de trabalho e
reduzir benefícios considerados privilégios, além de promover a modernização da
máquina pública.
De
acordo com o relator, o texto se estrutura em quatro eixos: governança e
gestão, transformação digital, profissionalização e extinção de privilégios.
Confira
os pontos mais relevantes do texto:
- Concursos: o
texto afirma que os concursos públicos passam a depender de um diagnóstico
prévio da força de trabalho e deverão priorizar carreiras transversais,
com possibilidade de aproveitamento em diferentes áreas da administração.
A medida também possibilita a abertura de concursos para ingresso direto
em níveis mais altos da carreira em casos de especialização comprovada,
limitado a 5% das vagas.
- Estágio
probatório: se o texto for aprovado, o estágio probatório ganha
caráter formal, com avaliações documentadas que poderão resultar na
confirmação do vínculo ou na exoneração do servidor.
- Benefícios
dos servidores: a proposta limita uma série de benefícios existentes,
como, por exemplo, possibilidade de férias superiores a 30 dias para a
maior parte das carreiras, licença-prêmio, progressão por tempo de serviço
e incorporação de adicionais automáticos. O texto da PEC também afirma que
auxílios alimentação, saúde e transporte terão limite de 10% da
remuneração para quem recebe próximo ao teto constitucional. Além disso,
ficam proibidos conversão em dinheiro de férias e licenças não usufruídas
e pagamentos retroativos sem decisão judicial.
- Aposentadoria
compulsória: segundo o texto, a aposentadoria compulsória deixará de
ser usada como punição a magistrados e membros do Ministério Público, que
passarão a estar sujeitos à perda do cargo em caso de faltas graves.
- Planejamento
e metas obrigatórias: o texto do relator estabelece também que
presidentes, governadores e prefeitos publiquem, em até 180 dias após a
posse, um planejamento estratégico para todo o mandato. Esse documento
passará a orientar os “acordos de resultados”, que cada órgão deverá
firmar anualmente com objetivos específicos e metas claras.
- Avaliação
de desempenho: a medida prevê que os servidores públicos de todas as
esferas serão submetidos a avaliações periódicas, e o desempenho passará a
ser critério para progressão funcional, ocupação de cargos de confiança e
recebimento de bônus de resultados. Além disso, a PEC autoriza a criação
de bônus anuais para servidores em atividade, vinculados ao cumprimento de
metas institucionais e individuais. Vale destacar que o bônus não deve
incidir sobre o teto constitucional.
- Tabela
remuneratória única: o texto estabelece a criação de uma tabela
remuneratória única em cada ente da Federação, válida para todos os
Poderes e órgãos autônomos. O piso será o salário mínimo, e o teto
corresponderá ao limite constitucional. A medida quer acabar com
distorções salariais entre carreiras equivalentes.
- Cargos
em comissão e funções de confiança: os cargos em comissão ficam
limitados a 5% da força de trabalho, com exceção para municípios pequenos,
que poderão chegar a 10%. O texto também estipula cotas para mulheres,
negros, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência em funções de
direção e cargos de confiança.
- Controle
de gastos em estados e municípios: o texto prevê que, a partir de
2027, os entes federados deverão seguir um teto de despesas primárias para
os Poderes e órgãos autônomos. Os gastos não poderão crescer acima da
inflação, e em caso de aumento de receita só parte do valor poderá ser
incorporada, limitada a 2,5% ao ano.
- Transformação
digital: a medida afirma que a inclusão digital é um direito social e
cria a Estratégia Nacional de Governo Digital. Todos os sistemas públicos
deverão ser integrados, com a carteira de identidade nacional servindo
como chave de acesso.
- Regras
para municípios: se o texto for aprovado, os municípios com
dificuldades em custeio terão restrições para o número de secretarias, que
poderá variar de cinco a 10 conforme o porte populacional. A proposta cria
ainda uma norma para os subsídios de prefeitos, vices e secretários, que
ficam atrelados ao salário de governador e variam de acordo com o tamanho
da cidade.
- Cartórios
e notários: o texto fixa um teto de remuneração para notários e
registradores, que não poderão receber líquido mais do que 13 vezes o
limite constitucional. Também estabelece idade máxima de 75 anos para o
exercício da função.
Um
dos pontos mais polêmicos do texto, que é a discussão sobre a estabilidade dos
servidores, fica mantido, somente com normas mais duras para o estágio
probatório. Os supersalários também passam a ser limitados pelo teto, com o fim
dos chamados “penduricalhos”.
O
texto afirma que a aprovação da reforma significará a consolidação de um novo
paradigma de gestão pública, capaz de entregar mais valor à sociedade,
potencializar as capacidades estatais, otimizar recursos públicos, fortalecer a
confiança nas instituições e alinhar o país às melhores práticas globais.
Assim
que o texto for protocolado, começará a tramitar no Congresso Nacional.
Fonte:
Metrópoles