A preocupação com o possível aumento da violência doméstica
durante o período de isolamento por causa do coronavírus levou a deputada
Fraciane Bayer (PSB) a protocolar um Projeto de Lei, nesta quinta-feira (23),
que pretende contribuir com as denúncias.
A proposta obriga os condomínios residenciais do Rio Grande
do Sul a comunicar aos órgãos de segurança, eventual ocorrência ou indício de
violência doméstica e familiar contra mulheres, crianças, adolescentes ou
idosos. “Estamos vivendo uma pandemia e em todo o Brasil existem orientações
dos governos para que as pessoas permaneçam em casa em isolamento social, o
que, inevitavelmente, pode contribuir com o aumento da violência familiar”,
justifica.
A deputada argumenta que os agressores domésticos contam com
o medo das vítimas e o silêncio da sociedade para se manterem impune e
continuarem a praticar a violência. “Por isso é tão importante que a sociedade
adote mecanismos que auxiliem os órgãos de segurança no enfrentamento a este
tipo de crime, uma vez que os mesmos não são combatidos com policiamento
ostensivo, por exemplo”.
O projeto determina que a denúncia deve ser realizada pelo
síndico ou administrador do condomínio, por telefone, em caso de ocorrência em
andamento, e por escrito, por via física ou digital, nas demais hipóteses, no
prazo de até 24 (vinte e quatro) horas após a ciência do fato, contendo
informações que possam contribuir para a identificação da possível vítima e do
possível agressor. Os condomínios também deverão fixar, nas áreas de uso comum,
cartazes, placas ou comunicados divulgando as determinações da Lei, se aprovada.
Dados recentes divulgados pela Secretaria de Segurança
Pública do estado, demonstram uma redução na maioria dos crimes, exceto os
domésticos, que continuam crescendo. Nos três primeiros meses de 2020 ocorreram
26 feminicídios no estado, contra 15 em 2019, no mesmo período. “Estes números
podem ser ainda maiores, segundo foi relatado aos deputados”, afirma Franciane.
Em reunião da Comissão de Segurança e Serviços Públicos, realizada por
videoconferência na última semana, a chefe de Polícia do RS, delegada Nadine
Anflor, e a responsável pela Delegacia da Mulher de Porto Alegre, delegada
Tatiana Bastos, afirmaram que pode estar havendo subnotificação dos crimes de
violência doméstica em razão das pessoas não estarem saindo de casa.
O projeto de lei será enviado para Comissão de Constituição
e Justiça da Assembleia Legislativa e caso seja aprovado segue para votação em
plenário.
Fonte: Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul