Cerca de 70% dos pedidos de divórcio são iniciados pelas
mulheres
A procura por divórcio tem aumentado durante o período de
isolamento social provocado pela pandemia da covid-19. Segundo a advogada da
área de Família e Sucessões, Débora Guelman, o convívio intenso em virtude da
quarentena tem sobrecarregado física e emocionalmente as famílias brasileiras.
“Esse isolamento social forçado pela pandemia aumenta o
convívio entre os casais e justamente esse aumento do convívio gera conflitos.
Por conta disso, a probabilidade de haver mais divórcios é muito maior”, disse
Débora Guelman, em entrevista à Rádio Nacional.
A advogada afirma que cerca de 70% dos pedidos de divórcio
são iniciados pelas mulheres, e a reclamação mais frequente é a tripla jornada.
“Essas mulheres trabalham, cuidam dos filhos e cuidam da casa. Então, elas não
aguentam relacionamentos machistas”, afirmou.
No Brasil há dois tipos de divórcios. No mais simples,
chamado de “extrajudicial”, casais podem se separar de forma mais rápida, pelo
cartório, amigavelmente. Já o divórcio judicial ou litigioso é realizado diante
de um juiz e envolve questões mais complexas como falta de consenso entre o
casal, partilha de bens, pensão e guarda de filhos.
“Se divorciar não é um processo rápido, pelo contrário. É um
processo demorado e muito doloroso. Principalmente no aspecto emocional e no
aspecto financeiro. Então, essa decisão de se divorciar envolve diversos
fatores, que são impedimentos até para pessoa efetivar esse divórcio.
Normalmente, a pessoa pensa por um ano e meio, até dois anos, antes de se
efetivar o pedido”, explicou Débora Guelman.
Apoio
Em Belo Horizonte, um grupo terapêutico formado por três
psicólogas e a advogada Gabriela Sallit foi criado para auxiliar mulheres que
estão passando por esse momento. O grupo se reúne por meio de uma plataforma
online, com participação de três a seis pessoas.
“O isolamento causado pela pandemia acirrou os conflitos nas
relações, mas, por outro lado, dificultou o acesso aos advogados e ao
Judiciário; e a recursos essenciais em uma separação, como mudar de casa, por
exemplo”, explicou a advogada Gabriela Sallit.
O grupo reúne mulheres que passam pelo momento pós-divórcio
e aquelas que ainda estão se preparando para tomar essa decisão.
“Muitas vezes elas não têm com quem compartilhar suas
angústias, suas dores, não tem o conhecimento de outras para aprenderem, não
tem o acolhimento de quem passou pelo que elas estão vivendo”, disse a
psicóloga Lívia Guimarães, uma das responsáveis pela condução do grupo.
Segundo Lívia Guimarães, depois do atendimento em grupo, as
mulheres passam por uma escuta individual para orientações específicas.
“A posteriori do grupo, ofereceremos um plantão de
acolhimento individual para essas mulheres entrarem em contato e para que
possamos escutá-las na sua singularidade. Não é um dispositivo terapêutico. Mas
um espaço para acolher alguma demanda ou sofrimento que por ventura o grupo
possa ter desencadeado”, acrescentou a psicóloga.
Fonte: Agência Brasil