O brasileiro se acostumou com um sistema de crédito
pujante, do qual costumeiramente se escorou, porém o que pode parecer ser o
remédio da salvação, pode tornar-se o veneno da própria morte
Não é de hoje que abrimos o jornal e lemos notícias de que
os brasileiros estão endividados. A pandemia só escancarou uma situação na qual
milhares de brasileiros vivem, porém o julgamento dela não cabe a ninguém,
afinal em um país com baixos salários e altos impostos, torna-se impossível
exigir que a maioria da população economize dinheiro.
Historicamente o brasileiro se acostumou com um sistema de
crédito pujante, do qual costumeiramente se escorou, porém o que pode parecer
ser o remédio da salvação, pode tornar-se o veneno da própria morte. A
população brasileira não teve acesso à educação financeira, foram acostumados a
“encaixar” parcelas no fluxo de pagamento, seja das panelas até o automóvel,
com isso grande parte das pessoas não se preocuparam em investir, pois sempre
estiveram endividadas.
Quando falamos de dívidas no contexto dos imóveis, a
situação tende a ser ainda mais complicada, pois o valor dos financiamentos
refletem em parcelas com altos valores, comprometendo boa parte do orçamento
familiar, e quando se vive tempos de covid-19, isso tende a ser um problema
enorme, pois ninguém em sã consciência deixará de colocar comida na mesa ao
invés de pagar dívidas, a sobrevivência sempre estará acima de qualquer fato
superveniente, no entanto, quando a pauta é financiamento imobiliário, o buraco
pode ser mais fundo do que imaginamos.
Analisando a maior parte dos financiamentos imobiliários,
observamos que os prazos dos contratos são extensos, e grande parte deles está
em torno de 360 (trezentos e sessenta) a 420 (quatrocentos e vinte) meses,
estamos falando de 30 (trinta) a 35 (trinta e cinco) anos, ou seja, torna-se
impossível fazer um planejamento com um dívida de longo prazo como essa.
A Caixa Econômica Federal, principal banco, líder no ranking
de financiamento imobiliário no país, concedeu carência de 6 (seis) meses nos
financiamentos. O período é um alento para muitas pessoas, no entanto, não
acredito que será suficiente para adimplirem com os pagamentos, pois a carência
não significa exclusão ou abono das parcelas, é simplesmente um prazo para que
não haja a cobrança em um determinado período.
A pandemia tem impactado negativamente a grande maioria dos
setores da economia, e imagino que os bancos não devem escapar ilesos desse
momento, ainda que reputem altos lucros, deverão ver a inadimplência dos
financiamentos subir, gerando aumento no estoque de imóvel retomado.
Analisando por outra perspectiva, investidores e pessoas com
capital disponível, devem conseguir realizar negócios altamente lucrativos, com
uma oferta acima da média, baixa liquidez no mercado e consequentemente menor
concorrência nas disputas dos leilões, ainda, vejo oportunidade de alta
rentabilidade no curto/médio prazo.
Acredito também que teremos aumento no número de processos
de imissão/reintegração de posse, objetivando a desocupação dos devedores. O
advogado tem um papel preponderante, pois cabe a ele a defesa dos interesses do
cliente, bem como o desenvolvimento de um trabalho pautado em agilidade e
competência, haja visto a necessidade de todo processo ser o mais célere
possível.
A assessoria nesses casos são uma alternativa interessante
para quem deseja começar a dar os primeiros passos nas arrematações sem grandes
surpresas. Ainda, é importante que o advogado tenha conhecimento sobre o
assunto, bem como saiba identificar oportunidades reais das falsas
oportunidades.
Não se pode achar que somente pelo fato de o imóvel estar
abaixo do valor de mercado que ele é bom, é necessário fazer a avaliação de
forma minuciosa, a fim de localizar a melhor oportunidade, garantindo
transparência e segurança ao contratante do serviço.
Penso que o momento é propício para arrematação de imóvel,
pois diversos bancos estão concedendo a oportunidade de financiar até 70% do
valor do lote, diga-se imóvel. Antes, é necessário consultar o leiloeiro para
entender o procedimento, bem como verificar as condições de crédito junto ao
banco.
Vale ressaltar que atualmente as taxas de financiamento
imobiliário estão nos menores patamares históricos, haja visto a taxa Selic
estar no patamar de 3%.
Por fim, o dinheiro não some do mercado, apenas troca de
mãos, portanto é necessário saber como e onde investir, precaver-se de falsas oportunidades,
olhar para os investimentos com a perspectiva de médio/longo prazo, onde
imagino que o cenário será mais favorável e com possibilidade de ganhos
interessantes.
Fonte: Migalhas