Economista Luiz Calado aponta a possibilidade de redução
nos preços praticados pelo mercado imobiliário nos próximos meses
Com a redução da taxa Selic para 2% ao ano (menor valor da
história), o cenário tornou-se positivo para compra de imóvel, já que
o financiamento imobiliário ficou mais acessível.
Inclusive, já existe a possibilidade de a parcela de um contrato de 30
anos custar menos do que o valor de um aluguel. No
entanto, com a crise gerada pela pandemia, muitas dúvidas surgem quanto a
situação econômica do País e se é o momento de investir.
De acordo com o economista Luiz Calado, autor do livro
Imóveis, da editora Saraiva, o fato de o desemprego estar em alta – são 13
milhões de desempregados, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –
faz com que os valores dos imóveis continuem depreciados, diferente do ápice em
que se encontravam há alguns anos.
Ele ressalta que isso é uma vantagem, visto que “a hora de
comprar é quando o preço está baixo”. No entanto, também alerta: “não significa
que [o preço] não pode cair mais”. Sobre as justificativas de compra neste
momento, Calado afirma que, para o investidor que possui uma renda extra, esta
é a possibilidade de adquirir o imóvel para ganhar tanto com a renda do aluguel
quanto com a valorização do bem. “O momento de pandemia também
evidencia a importância da casa própria. Ter uma propriedade constitui
segurança e patrimônio.”
O que considerar?
Um dos grandes fatores de atenção está no comprometimento de
parte importante da renda na compra de um patrimônio, mesmo que a negociação
seja à vista. Pelo fato de a economia estar sendo bastante impactada pela
crise, é um período crítico para abrir mão de reservas financeiras emergenciais.
Existe ainda a questão da redução da capacidade de pagamento
de quem já possui um financiamento vigente. Em caso de corte salarial, por
exemplo, como o pagamento das parcelas será honrado? “A inadimplência faz com
que as instituições financeiras não aliviem nos juros, dificultando ainda mais
que o adquirente honre seus compromissos – implicando até mesmo o bem em si.”
O economista explica que a tomada de decisão deve levar em
conta a capacidade pagadora e avaliar o custo de oportunidade sobre os bens,
considerando perdas e ganhos neste tipo de aquisição e a sua taxa de
rentabilidade. Ele também orienta que sejam avaliadas as possibilidades de
desemprego ou de falência da empresa empregadora devido à atual crise.
De acordo com Calado, o prolongamento da quarentena e da crise econômica do Brasil deve
acarretar numa baixa ainda acentuada dos preços médios praticados pelo setor
imobiliário nos próximos meses. Isto porque, mesmo que as atividades da
construção civil tenham diminuído, ainda há ampla oferta de imóveis disponíveis
nas grandes cidades. “O momento ideal vai depender dos fatores de atenção
citados anteriormente, aliados à uma boa pesquisa de mercado.”