Dados mostram que o crescimento começou um mês após o
início da pandemia, em março, e continuam aumentando mês a mês
A pandemia de coronavírus, além de alterar a rotina de muita
gente, mostrou que há pessoas preocupadas com a sua ausência no futuro. Segundo
um levantamento do Colégio Notarial do Brasil, realizado nos Cartórios de Notas
do Estado, houve um crescimento de 187% no volume de testamentos realizados no
período entre abril e julho deste ano.
Os dados mostram que o crescimento começou um mês após o
início da pandemia, em março, e continuam aumentando mês a mês em diversos
Estados. Em números absolutos, no Rio Grande do Sul passou de 135 testamentos,
em abril, para 387, em julho. Na região, os tabeliães observaram que houve um
aumento de interesse do público em saber como se faz um testamento, com
pesquisa de custos. No entanto, nem todos os cartórios observaram aumento no
número de documentos.
Em Campo Bom, a substituta do tabelião, Rosimeri Becker,
conta que desde março houve um aumento no registro testamentos. “Antes, nós
fazíamos um por quinzena, agora passou para três, em média. São as pessoas
idosas que procuram mais”, comenta. Segundo a profissional, é visível o efeito
da pandemia neste crescimento, por conta das pessoas ficarem com medo de
perderem suas vidas e deixarem coisas pendentes.
Em Estância Velha, conforme o tabelião Danilo Alceu Kunzler,
além de crescer o número de testamentos houve mudança de perfil. “Normalmente
eram pessoas mais idosas, mas têm sido clientes entre 35 e 50 anos. Eu acredito
que seja efeito da pandemia, pois outra razão não teria”, analisa. Antes,
Kunzler fazia de dois a três por mês e, atualmente, tem feito uma média de
cinco testamentos. “É um procedimento simples, que não é demorado e nem
complicado”, ressalta.
Já a substituta do tabelião de Sapiranga, Nair Welter, conta
que o volume de testamentos permanece o mesmo, comparado com outros períodos.
Números do Brasil
No Amazonas, o aumento foi de 1.000%, o maior do Brasil,
acompanhado do Ceará 933%. Ainda destacaram-se Roraima (400%), Distrito Federal
(339%), Maranhão (300%), Mato Grosso (300%), Sergipe (260%), Pernambuco (225%),
Espirito Santo (175%), Minas Gerais (170%), Alagoas (167%) e Santa Catarina (108%).
Saiba mais
O testamento público é o documento pelo qual uma pessoa (o
testador) declara como e para quem deseja deixar seus bens após a sua morte.
Para realizar o ato é preciso ter duas testemunhas que não podem ser herdeiras
ou beneficiadas pelo testamento, além dos documentos de identidade de todas as
partes, requerentes e testemunhas. A presença de um advogado é opcional. O
documento pode ser alterado e revogado enquanto o testador viver e estiver
lúcido, e terá validade e publicidade somente após a morte do testador.
Fonte: Jornal NH