Webinar ABMRA Talks sobre a Lei Geral da Proteção de
Dados está disponível no YouTube da ABMRA
Em vigor desde 18 de setembro, a Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD veio para mudar as relações entre as empresas e as pessoas. E isso
é muito bom. “Sempre tivemos nossos dados, como CPF, coletados por farmácias,
hotéis, eventos e outros estabelecimentos. E nunca nos preocupamos em saber o
que fariam com nossas informações pessoais. Sem perceber, fornecemos dados
importantes sem nos preocupar se realmente era preciso ser coletados e se
seriam armazenados de forma segura”, alertou Karen Borges, advogada
especialista em Direito Digital e Proteção de Dados no Núcleo de Informação e
Coordenação do Ponto BR – NIC.br, durante webinar da série ABMRA Talks, que
teve como tema central “A comunicação do agro na era do Lei Geral de Proteção
de Dados (LGPD). O que muda?”. Realização da Associação Brasileira de Marketing
Rural e Agronegócio (ABMRA).
Nos últimos anos, o vazamento de dados ocorre de maneira
exagerada, sem controle. Os dados pessoais começaram a ser coletados sem
controle e regras. Sendo compartilhados entre as instituições e empresas. Quase
nunca foram armazenadas de forma segura. Essa divulgação sem controle das
informações das pessoas trazem cada vez mais prejuízos aos titulares. “Por
isso, a necessidade de uma lei específica para regulamentação da coleta, uso e
proteção dos dados”, explica Karen Borges.
“Para muitos, os dados representam o novo petróleo, o que
gerou busca incansável por criar, administrar e negocias banco de dados. Dessa
forma, antes da LGPD a regra era quanto mais dados nas mãos melhor. Hoje, menos
é mais. Temos de começar a pensar cada vez mais em privacidade”, alerta a
advogada. “Já tínhamos no Brasil algumas leis que tratavam o assunto de forma
genérica, como a Constituição Federal, o Código de Defesa do Consumidor, entre
outros. Mas era necessária uma lei específica. E ela chegou para oferecer
segurança jurídica para os titulares dos dados, assim como para as empresas que
os detêm e utiliza. “É um avanço. O Brasil está entre os países
preocupados com esse tema, sendo um dever e diferencial para as empresas atuarem
em conformidade com a lei”.
Para Reges Bronzatti, Diretor da Processor Soluções de
Tecnologia para Negócios, advogado, Especialista em Direito Digital, Contratos
e Negociações em Tecnologia e Mestre em Ciência da Computação, quando as
empresas são transparentes, elas têm ganho de imagem e têm resultados melhores
no seu campo de atuação.
“Temos de lembrar que todos nós transitamos dados pessoais e
a LGPD veio para respeitar essas informações. Por isso, dados e negócios estão
conectados: quanto mais eu estiver ligado a pessoas mais vendas vou fazer. É
preciso respeitar a regulamentação legal, que diz: não abuse! Na LGPD, vende
mais quem pergunta mais. E isso precisa ser feito até para saber mais do
cliente”, destaca Bronzatti.
O Diretor da Processor Soluções de Tecnologia para Negócios
explica que a LGPD é a consequência de como são feitos os negócios nos últimos
40 anos. “Quando passamos a perceber as mídias digitais, como o Facebook,
influenciando as eleições americanas, por exemplo. Veja que relevante: uma empresa
mudando algoritmo do Facebook para influenciar o voto das pessoas. Isso
significa que chegamos ao ápice do exagero em termos de manipulação. Por isso,
é importante ter a regulamentação”, explica.
Reges Bronzati lembra que o futuro será cada vez mais
digital. “A LGPD tem de ser encarada como uma ferramenta de estratégia
corporativa, na qual o dono precisa estar envolvido. Não adianta terceirizar
para a TI ou o Jurídico. É extremamente importante ter comunicação e
colaboração, contar com comitê multidisciplinar para falar de vários assuntos
ao mesmo tempo, além de reduzir riscos e evitar o uso indevido de dados.
Principalmente, é preciso mudar o comportamento do ser humano. As pessoas só
mudam com alguma consequência ou prejuízo”, finaliza.
Carlos Alberto Silva (Carlão), CEO do Grupo Publique e
Diretor da ABMRA, lembra que negócios são feitos entre pessoas. “O
relacionamento pessoal é o que gera mais venda. Não dispenso uma boa conversa
com meus clientes e vejo que isso gera muito mais negócios. Nunca foi tão
verdade fazer mais negócios com os mesmos clientes e isso acontece sempre que
você escuta mais, conversa mais e pergunta mais. Aliás, perguntar mais esconde
também uma necessidade, significa aprender a ouvir. Às vezes só perguntamos e
não sabemos ouvir. E isso é fundamental. O fato de ser o mundo ser digital não
significa ser impessoal. O digital ajuda, claro, mas em determinado momento é
preciso perguntar. A LGPD normatiza essa relação entre as pessoas, entre as
pessoas e as empresas e entre empresas. Isso é muito bom. Mas temos de sempre
voltar à essência: nos comunicar melhor”.
Para Max Lannes, Diretor de Digital do Canal Rural, o tema é
importante e precisa ser mais discutido. “Todos precisam fazer o certo. O
comportamento digital precisa ser como o comportamento físico, sendo correto.
Isso é bom para o usuário, para as companhias e para todo o ecossistema. Além
disso, falta à população ter esse conhecimento da nova lei. Ainda não existe
clareza para o consumidor final. Falta um consistente trabalho de comunicação.
O evento da ABMRA é importante para levar a cultura correta dos dados a todas
as camadas”.
Alberto Meneghetti, Diretor da ABMRA, destacou a importância
de entender como a entrada da LGPD fará com que as empresas se adequem às novas
regras, além de traçar diretrizes de práticas de comunicação e comerciais.
“Mais de 8% das empresas brasileiras ainda não estão preparadas para essa
transformação. Por isso, temos de discutir e falar mais sobre os impactos e
benefícios da lei de proteção de dados na relação entre agências, leads e
clientes”.
O Webinar ABMRA Talks sobre a Lei Geral da Proteção de Dados
está disponível no YouTube da ABMRA.
Fonte: O Presente Rural