O governo federal inaugurou na semana passada o site institucional da
Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão que irá fiscalizar e
aplicar sanções ao descumprimento dos termos dispostos na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em
vigor em setembro deste ano.
A página tem notícias institucionais, a agenda oficial do
presidente do órgão, um documento com perguntas e respostas (FAQ) sobre a LGPD
e links para os canais de atendimento ao público, incluindo um número de
telefone e endereço de e-mail.
Entretanto, segundo o Teletime, “apesar de permitir o
envio de denúncias, elogios e sugestões, não estão definidos os fluxos e quais
instâncias esses procedimentos passarão”.
Estrutura da ANPD
Além da fiscalização da LGPD, a ANPD tem como atribuições
“promover, entre a população, o conhecimento das normas e políticas públicas
sobre proteção de dados pessoais; e estimular, entre as empresas, a adoção de
padrões para serviços e produtos que facilitem o controle pelos clientes sobre
seus dados”.
O conselho diretor do órgão foi aprovado pelo senado em votação em 21 de
outubro deste ano. Dos cinco nomes indicados pelo presidente Jair Bolsonaro,
três são militares: o coronel Waldemar Gonçalves Ortunho, nomeado para um
mandato de seis anos como diretor-presidente da autoridade; o também coronel
Arthur Pereira Sabbat, especialista em segurança da informação no Gabinete de
Segurança Institucional (GSI); e Joacil Basilio Rael, ex-colega de Bolsonaro na
Academia Militar das Agulhas Negras.
Completam a lista a professora de Direito Miriam Wimmer,
diretora de políticas de telecomunicações no Ministério das Comunicações, e a
advogada Nairane Farias Rabelo, única representante do setor privado no
conselho.
A presença de militares na diretoria do órgão causa preocupação. A Coalizão Direitos na Rede,
organização que agrega mais de 40 entidades brasileiras da academia e da
sociedade civil de defesa dos direitos digitais, uniu-se à Access Now, entidade
global que se dedica a defender os direitos digitais de usuários em risco ao redor
do mundo, para enviar uma carta à Comissão Europeia, ao Conselho da Europa e à
Global Privacy Assembly alertando sobre os riscos da presença militar no
Conselho Diretor da ANPD.
Nenhuma outra autoridade de proteção de dados do mundo
possui configuração semelhante à brasileira, o que nos coloca numa posição um
tanto desconfortável no debate internacional.
Fonte: Olhar Digital