Dados são das Estatísticas do Registro Civil, que se
baseiam em dados de cartórios de todo país
Os números de casamentos civis e divórcios no país vinham em
queda antes da pandemia de covid-19, informou nesta quarta-feira o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a Estatísticas do
Registro Civil 2019, levantamento como base em dados cartórios, varas de
família cíveis, foros e tabelionatos, o número de casamentos caiu 2,7% no ano
passado, para 1.024.676, enquanto o de divórcios caiu 0,5%, para 383.386.
Do total de casamentos civis registrados em 2019, 1.015.620
foram entre pessoas de sexo diferente e 9.056, entre pessoas do mesmo sexo. No
primeiro caso, houve decréscimo de 37.847 uniões civis na comparação com 2018.
Porém, mesmo com a queda, o volume ficou acima da média de 881.088 observada
entre casamentos de pessoas de sexos opostos entre 1984 e 2019.
Sudeste e Centro-Oeste têm mais casamentos
No caso do casamento homossexual, o IBGE apurou mesma
tendência de recuo, com 464 uniões a menos do que no ano anterior. Ainda assim,
o número ainda foi muito superior ao observado em 2017 (5.887), informou o
IBGE. Ao se separar esses casamentos por gênero, o instituto verificou quedas
de 6,3% nos casamentos entre homens e de 3,8% entre mulheres. Do total de
casamentos entre pessoas do mesmo sexo em 2019, 59,1% foram entre mulheres.
Com esses dados, a taxa de nupcialidade legal do país, que
representa a proporção de casamentos totais para cada grupo de mil pessoas com
15 ou mais de idade, ficou em 6,2 em 2019, abaixo de 2013 (7,1%).
Mesmo com números menores observados em casamentos totais,
bem como no volume de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, o IBGE apurou um
dado curioso: um aumento em casamentos entre pessoas acima de 40 anos. Entre
homens, houve alta de 3,7% em 2019 nas uniões civis acima de 40 anos entre
homens, para 264.981; e, entre mulheres acima de 40 anos, a elevação foi de 5%,
entre 2018 e 2019, para 197.914.
"Há uma tendência na postergação de casamentos,
principalmente entre mulheres", afirmou Klivia Brayner de Oliveira
pesquisadora do IBGE. A preferência por impulsionar a carreira profissional
antes de formar família e o custo expressivo da cerimônia são fatores que
influenciam essa postergação, acrescentou.
Outro aspecto é o impacto de divórcios. Na prática, os
casamentos civis de pessoas acima de 40 anos também refletem os casos daqueles
que se separam e casam-se novamente, impulsionando assim os resultados de
uniões civis em faixas etárias mais elevadas.
Divórcios
Em relação aos divórcios, houve diminuição da taxa geral,
que passou de 2,6% para 2,5% entre 2018 e 2019. A taxa é calculada por divisão
no número de divórcios pelo número de habitantes, com o resultado multiplicado
por mil. Na análise do instituto, foram considerados divórcios de pessoas acima
de 20 anos, em primeira instância.
O IBGE apurou também uma redução no tempo médio de
casamentos na última década. O tempo médio entre a data de casamento e a data
de sentença ou escritura de divórcio no país era de 17,6 anos em 2009. Dez anos
depois, esse período passou para 13,8 anos.
Em 2019, os homens, na data do divórcio, tinham 43 anos e as
mulheres, 40. No mesmo período, a maior proporção de divórcios ocorreu entre
famílias somente com menores de idade – nesse núcleo familiar, o porcentual de
divórcios foi de 45,9%.
Entre 1984 e 2019, o IBGE calcula que houve proporção de
três casamentos para um divórcio no Brasil. Nos divórcios, a maioria dos casais
tinha comunhão parcial de bens: 89% do total em 2019. Dez anos antes, essa
parcela era de 79%, detalhou o instituto.
"Nos divórcios, aumentou parcela de guarda
compartilhada", acrescentou Klivia Brayner. Quando o instituto apurou o
responsável pela guarda de filhos menores após o divórcio, a parcela de guarda
compartilhada ficou em 26,8% no total de divórcios em 2019. Esse porcentual era
de 24,4% em 2018, e de apenas 7,5% em 2014.
Mesmo com recuo de 2014 em diante, as mulheres ainda são
maioria como responsáveis por filhos menores após separação: 62,4% no total de
divórcios em 2019. No ano anterior, elas respondiam por 65,4% das guarda e, em
2014, por de 85,1%. Os homens, por sua vez, eram responsáveis pela guarda de
filho menor de idade em 4,1% dos casos de divórcio em 2019, contra 4,1% em 2018
e 5,5% em 2014.
Fonte: Valor Econômico