Tribunais e cartórios entram em ação para facilitar a
denúncia de violência, especialmente a patrimonial, contra idosos. Nas
dependências dessas instituições, deverão ser divulgados os principais canais
de denúncia, como o Disque 100 e o Ligue 180, coordenados pela Ouvidoria
Nacional de Direitos Humanos (ONDH). A estratégia está sendo desenvolvida por
meio de acordo entre o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
(MMFDH) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A iniciativa está alinhada à Recomendação CNJ 46/2020, que
elenca medidas preventivas para evitar a violência patrimonial ou financeira
contra pessoa idosa no período de pandemia. Entre os atos a que cartórios e
tribunais devem atentar estão os referentes à antecipação de herança,
movimentação indevida de contas bancárias e venda de imóveis, por exemplo.
O presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Luiz Fux, destacou ainda o trabalho do Observatório de Direitos
Humanos do Poder Judiciário, colegiado criado pelo CNJ em setembro de 2020 com
o objetivo de fornecer subsídios para iniciativas que promovam os direitos
humanos no âmbito do Poder Judiciário, a articulação com instituições nacionais
ou internacionais e auxiliar na formulação de políticas, projetos e diretrizes.
“Temos exatamente como preocupação os eixos da mulher, da
família e dos direitos humanos. Na família, se projeta essa questão de agressão
ao idoso e da dilapidação de patrimônio dos idosos, que agora, com a pandemia,
mostrou essa sua face tão perversa sobre diversos ângulos” afirmou. A temática
também está sendo tratada em campanha nas redes sociais do CNJ.
Além de idosos, outros grupos atendidos por esses serviços
são as mulheres, crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, pessoas em
restrição de liberdade, população LGBTs e população em situação de rua. Os
canais também estão disponíveis para denúncias de casos de discriminação étnica
ou racial. O acordo foi oficializado na 323ª Sessão Ordinária do CNJ, no dia 15/12.
A cerimônia também contou com a participação do presidente da Confederação
Nacional dos Notários e Registradores (CNR), Rogério Bacellar.
De acordo dados do MMFDH, houve um aumento da violência
contra os idosos desde março deste ano. Entre os tipos de violência está a
sexual contra idosas, identificada por meio da operação policial Vetos, que
aconteceu de 1 de outubro a 4 de dezembro. Durante a operação, mais de 13 mil
idosos foram visitados e cerca de 567 pessoas presas. Ainda de acordo com o
relatório, foram registradas ao todo 14 mil diligências, quase 4 mil inquéritos
instaurados e mais de 2 mil termos circunstanciados.
“Percebemos que faltava nos cartórios e nos tribunais de
Justiça um cartaz dizendo qual número o idoso tinha que telefonar. Esse instrumento
vai permitir que quem esteja sendo vítima de coação ou violência conheça os
nossos canais de denúncia, porque, às vezes, o idoso está dentro do cartório,
coagido, e não sabe a quem pedir socorro”, destacou a ministra.
A importância da ação dentro dos cartórios também foi
destacada por Rogério Bacellar. “Assino esse convênio, no sentido de fortalecer
cada vez mais essa busca contra a violência ao idoso e a mulher. Acho que os
cartórios tem muito em que ajudar, não só não deixando que os bens sejam usurpados
por parentes, mas simplesmente na orientação no dia-a-dia. Faremos o possível e
impossível para dar um basta nessas atitudes”.
Fonte: Conselho Nacional de Justiça