A oportunidade de refletir sobre os direitos das mulheres e
sobre a atuação do Poder Judiciário no enfrentamento da violência doméstica e
familiar foi destacada pelo presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
ministro Luiz Fux, durante assinatura de Termo de Cooperação Técnica entre o
CNJ e o Instituto Avon, nessa segunda-feira (8/3). Pelo acordo, serão
utilizados os registros que compõe a Base Nacional de Dados do
Poder Judiciário (DataJud) sobre medidas protetivas de urgência
determinadas pelo Poder Judiciário, que serão base para estudo sobre a
violência contra a mulher.
O objetivo da pesquisa, que contemplará aspectos
qualitativos e quantitativos da questão, é fornecer subsídios para elaboração
de propostas de políticas públicas voltadas para o combate à violência de
gênero. Fux ressaltou que a cooperação é resultado das ações desenvolvidas
pelo Observatório
dos Direitos Humanos do Poder Judiciário e contribuirá para
elevação da eficiência. “Hoje é um dia importante para o CNJ, que abraçou a
causa da defesa das mulheres e contra a violência doméstica, o assédio sexual e
moral em todos os segmentos em que ela exerce atividades. A parceria com o
Instituto Avon confirma esse compromisso.”
O presidente do Instituto Avon, Daniel Silveira, enfatizou
que a cooperação com o CNJ atende a uma necessidade de elevar as informações e
a quantidade de dados que permitirão uma atuação com mais assertividade na
solução e no correto entendimento do cenário de violência contra mulheres e
meninas no país. “Estamos dando o primeiro passo de uma jornada que vai trazer
fatos, dados e capacidade de análise para elaboração de planos de ação efetivos
para realizar um combate que é tão importante para todos nós.”
O estabelecimento da cooperação, conforme avaliação da
diretora-executiva do Instituto Avon, Daniela Marques Grelin, é o
posicionamento claro e inequívoco do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF) a
favor dos direitos das mulheres. “Isso nos traz um orgulho imenso de sermos
brasileiros. Traz também esperança, embora saibamos que temos um caminho enorme
a percorrer. Mas temos a certeza que não estamos sós. Fazemos parte de uma rede
interdisciplinar de esforços integrados para proteção do bem-estar e da vida
das mulheres brasileiras.”
O evento contou com a participação dos conselheiros Candice
Lavocat Galvão Jobim, Tânia Reckziegel, Ivana Farina Navarrete Pena e André
Godinho, além do secretário-geral do CNJ, Walter Shuenquener, da presidente da
Associação dos Magistrado do Brasil (AMB), Renata Gil, e do presidente da
Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Eduardo André Fernandes.
Parceria
As medidas protetivas de urgência são um conjunto de
determinações impostas pelo Judiciário a um agressor para que se afaste da
mulher vítima ou em risco de sofrer violência. Em dezembro, o presidente
do Conselho do Instituto Avon, Daniel Silveira, apresentou proposta ao Observatório
dos Direitos Humanos do Poder Judiciário para a criação do
Laboratório Nacional da Violência Baseada em Gênero contra Mulheres e Meninas.
A primeira etapa, a partir de sugestão do CNJ, é a realização da mineração dos
dados relativos às medidas protetivas que existem na Base Nacional de Dados do
Poder Judiciário (DataJud).
Com esse trabalho, será produzido um diagnóstico técnico
sobre a eficácia dessas medidas para a proteção das mulheres. Os resultados
serão apresentados em uma publicação com análises qualitativas e quantitativas
englobando os 15 anos de vigência da Lei Maria da Penha.
O CNJ vai viabilizar e definir condições de acesso do
Instituto Avon ao DataJud. O uso dos dados observa o sigilo e a proteção de
informações pessoais de partes, testemunhas ou qualquer outra pessoa que teve
participação nos processos judiciais, conforme define a Lei Geral de Proteção
dos Dados Pessoais.
Fonte: Conselho Nacional de Justiça