O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, promulgou nesta
quinta-feira (10) a emenda constitucional (EC 115, de 2022) que inclui a
proteção de dados pessoais entre os direitos e garantias fundamentais previstos
na Constituição Federal.
O texto ainda atribui à União as competências de legislar, organizar e
fiscalizar a proteção e o tratamento de dados pessoais. Segundo Pacheco, a
medida fortalece o princípio da liberdade, inclusive nos meios digitais, e
mostra o “compromisso da nação com o valor inegociável da liberdade
individual”.
“A proteção dos dados pessoais dá-se, inclusive, nos meios digitais. O novo
mandamento constitucional reforça a liberdade dos brasileiros, pois ele vem
instalar-se em nossa Constituição em socorro da privacidade do cidadão. As
informações pessoais pertencem, de direito, ao indivíduo e a mais ninguém.
Sendo assim, cabe a ele o poder de decidir a quem esses dados podem ser
revelados e em que circunstâncias, ressalvadas as exceções legais, como é o
caso de investigações de natureza criminal realizadas com o devido processo
legal”, disse Pacheco.
A nova emenda constitucional surgiu de proposta (PEC
17/19) do senador Eduardo Gomes (MDB-TO), para quem a medida
consolida a proteção de dados pessoais e reforça o “compromisso com os direitos
humanos” em um mundo cada vez mais digital.
O texto original teve alterações na Câmara conduzidas pelo relator, deputado
Orlando Silva
(PCdoB-SP), que destacou a contribuição da indústria e da sociedade
civil, representada pela Coalização de Direitos na Rede.
“As garantias fundamentais da nossa gente ganham um novo direito que vai se
somar a outras cláusulas pétreas. É para que tenhamos na tecnologia um auxiliar
para potencializar a economia digital, que o Brasil seja uma plataforma de
exportação de serviços e que os meios digitais nos ofereçam formas melhores de
conexão da democracia com o nosso povo”, disse o deputado.
Orlando Silva lembra que a principal mudança feita pela Câmara no texto foi
a previsão de competência exclusiva da União para legislar sobre o tema. “O que
vai impedir uma anarquia legislativa e uma instabilidade nas regras de um tema
tão sensível que, se possível fosse, mereceria uma regra global e não apenas
nacional, pela natureza que as atividades da economia digital e das plataformas
ganham no mundo contemporâneo. Essa competência normativa vai ser muito
importante para estabilizarmos as regras do jogo”, declarou.
O deputado acrescentou que, ao lado do marco
civil da internet e da Lei
Geral da Proteção de Dados (LGPD), a nova emenda constitucional
conclui o que chamou de “arquitetura normativa” da área.
Orlando Silva ainda espera avanços futuros com a concessão de autonomia
plena para as atribuições legais da Autoridade Nacional de Proteção de Dados
(ANPD), órgão da administração pública responsável por zelar, implementar e
fiscalizar o cumprimento da LGPD. Além de mudar a maneira como instituições
privadas coletam, armazenam e disponibilizam informações de usuários, a LGPD é
destinada às instituições públicas.
O coordenador do grupo de trabalho de proteção de dados da Frente Parlamentar em Defesa do Setor de Serviços,
deputado Julio
Lopes (PP-RJ), também participou da sessão de promulgação da nova
emenda constitucional, a qual ele classificou de “avanço para a cidadania no
Brasil”.