A campanha “Sinal Vermelho Contra a
Violência Doméstica”, que incentiva mulheres vítimas de abusos, ameaças e
agressões a pedir ajuda por meio de um X vermelho na palma da mão, completa
dois anos neste mês com uma nova missão. Depois de se tornar programa de
cooperação previsto em lei federal e nas legislações de dezoito estados e do
Distrito Federal, o objetivo agora é conscientizar os homens.
A nova fase da campanha, coordenada
pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) em conjunto com o Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), pretende evidenciar o papel masculino no
enfrentamento à violência de gênero. “O engajamento dos homens é fundamental.
Só construiremos uma sociedade livre, justa e igualitária no dia em que nenhuma
mulher sofrer violações somente por ser mulher”, afirmou Renata Gil, presidente
da AMB.
“A realidade mostra que temos ainda
muito a fazer”, afirmou o presidente do CNJ, ministro Luiz Fux, na última
reunião do Observatório de Direitos Humanos do Poder Judiciário, em 8 de março.
“Nos chegam inúmeros casos de violência contra as mulheres. Recentemente, nos
deparamos com um caso de escravidão. Temos uma sociedade que viveu o regime da
escravidão por 400 anos e naturalizou a violência contra mulheres negras, assim
também com a prostituição de crianças. Temos o dever de mudar drasticamente
essa cultura de exclusão. Temos o dever de ser feministas”, afirmou, citando a
escritora nigeriana Chimamanda Adichie.
Responsabilidade
Lançada em junho de 2020 em decorrência
do crescimento dos índices de feminicídio durante a pandemia da Covid-19 – em
razão do isolamento social, muitas mulheres passaram a conviver mais tempo com
os agressores –, a campanha Sinal Vermelho rapidamente ganhou todo o país.
Cerca de 15 milhões de pessoas foram impactadas nas redes sociais com o
compartilhamento de quase 30 mil fotos com a hashtag #sinalvermelho.
Com a divulgação, inúmeras mulheres que
viviam sob vigilância constante buscaram auxílio ao se dirigirem a farmácias
com o X vermelho marcado na mão. O sucesso levou à adesão de shoppings centers,
agências bancárias, cartórios, tribunais e órgãos públicos – que, além de
socorrer a vítima, estão orientados a chamar a polícia imediatamente.
“Chegou a vez de convocarmos os homens.
A legislação rigorosa e a possibilidade de punição não são suficientes. Todos
precisam se comprometer efetivamente e assumir a responsabilidade de quebrar o
ciclo da violência doméstica”, enfatizou Renata Gil.