Com foco em soluções para a morosidade
e a litigiosidade nos tribunais brasileiros, o ministro do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) Luis Felipe Salomão assumirá, nesta terça-feira (30/8), o cargo
de corregedor nacional de Justiça para o biênio 2022-2024. A solenidade, que
ocorrerá de forma híbrida, está marcada para às 14h, com transmissão ao vivo
pelo canal do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no YouTube.
O novo corregedor substituirá a
ministra Maria Thereza de Assis Moura, empossada no cargo de presidente do STJ
em cerimônia realizada no último dia 25. Salomão foi nomeado pela presidência
da República para comandar a Corregedoria Nacional de Justiça após ter a sua
indicação aprovada por ampla maioria no Plenário do Senado Federal – antes, ele
foi eleito por unanimidade pelo Pleno do STJ.
Celeridade e redução de litígios são
prioridades
Nos próximos dois anos à frente da
Corregedoria Nacional de Justiça, o ministro Luis Felipe Salomão vai centrar
esforços para elevar a eficiência processual do Poder Judiciário brasileiro,
tendo como estratégias principais a promoção de maior agilidade na tramitação
dos processos judiciais e o estímulo à desjudicialização com base na aplicação
dos meios adequados de resolução de conflitos.
“O que se pretende fazer é atuar em
prol de diminuir essa litigiosidade – quase patológica – que temos no Brasil, e
enfrentar um tema que me incomoda muito – e que incomoda o cidadão brasileiro
–, que é a morosidade”, declarou o ministro ao responder aos questionamentos de
senadores durante a sua sabatina promovida pela Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) do Senado.
Perguntado sobre a viabilidade de
soluções legislativas para a morosidade da prestação jurisdicional, o ministro
avaliou que é possível expandir o rol de temas passíveis de resolução
extrajudicial, a exemplo das execuções fiscais.
Além da atuação disciplinar, outra
prioridade anunciada por Salomão ao participar da sabatina na CCJ do Senado é
ampliar a atuação da Corregedoria Nacional de Justiça no planejamento estratégico
das políticas públicas do Judiciário. Segundo o novo corregedor nacional de
Justiça, é preciso aprofundar a produção de dados confiáveis e a integração
entre as corregedorias de Justiça dos 90 tribunais brasileiros.
Aos senadores, Luis Felipe Salomão
disse, ainda, que sua gestão na Corregedoria Nacional de Justiça também dará
especial atenção ao processo de retomada presencial dos serviços judiciais em
todo o país, após o período mais crítico da pandemia da Covid-19. “É preciso
abraçar essa volta imediata, porque faz muita falta a presença do juiz em seu
local de trabalho.”
Extensa carreira jurídica
Natural de Salvador, Luis Felipe
Salomão é ministro do STJ desde 17 de junho de 2008, com expressiva
participação como relator de diversos precedentes relevantes para a
consolidação da jurisprudência do Tribunal da Cidadania – especialmente nos
julgamentos relacionados ao direito privado.
Hoje, preside a Quarta Turma do STJ e é
membro da Corte Especial e da Segunda Seção do tribunal. Antes, Luis Felipe
Salomão atuou como promotor de Justiça em São Paulo e, depois, também por
concurso público, ingressou na magistratura como juiz substituto. Foi juiz
titular da 2ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro e, na sequência, desembargador
do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).
Além de ministro do STJ, Salomão foi
ministro encarregado da propaganda eleitoral nas eleições presidenciais de 2018
e corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas últimas eleições
municipais, em 2020.
Outro importante papel desempenhado
pelo novo corregedor nacional de Justiça foi como presidente da comissão de
juristas formada pelo Senado para a elaboração dos anteprojetos de lei sobre
ampliação da arbitragem e criação da mediação no Brasil (Leis 13.129/2015 e
13.140/2015). No momento, compõe a comissão de juristas instituída pela Câmara
dos Deputados para elaborar anteprojeto de legislação que sistematiza as normas
do processo constitucional brasileiro.
Vasto legado acadêmico
A experiência ao longo da carreira na magistratura
e sua atuação com o desenvolvimento de políticas públicas para o sistema de
Justiça levaram o ministro Luis Felipe Salomão a participar de diferentes
iniciativas de pesquisa e grupos de trabalho.
Atualmente, é coordenador do Centro de
Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário, da Fundação Getulio Vargas
(FGV); coordena o grupo para modernização e efetividade do Poder Judiciário nos
processos de recuperação judicial e de falência do CNJ; e dirige o Centro de
Pesquisas Judiciais da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), no qual
organizou pesquisa sobre o perfil da
magistratura e a inovação tecnológica nos tribunais.
No campo acadêmico, Salomão é professor
emérito da Escola da Magistratura do Rio de Janeiro e da Escola Paulista da
Magistratura; professor honoris causa da Escola Superior da Advocacia, no Rio;
e doutor honoris causa em ciências sociais e humanas pela Universidade Cândido
Mendes. Autor de diversos livros e artigos jurídicos sobre temas como acesso à
Justiça, juizados especiais, arbitragem e direito civil em geral, o ministro
preside o conselho editorial da Revista Justiça & Cidadania.
Fonte: CNJ