A contratação de crédito imobiliário
está passando por uma simplificação que promete acabar com a burocracia, a
papelada e a demora. Algumas instituições financeiras já estão fechando
contratos de forma totalmente digital, sem que o cliente tenha de ir à agência
bancária ou ao cartório para assinar.
O Bradesco já ultrapassou a marca de 500 contratos (cerca de R$ 150 milhões) de financiamentos firmados de forma digital, sem o cliente ter de sair de casa. O projeto começou em maio no Estado de São Paulo e, em junho, foi estendido para o restante do País.
O processo de registro eletrônico reúne
assinaturas digitais e integra o sistema de cartórios do País. Desta maneira,
todos os envolvidos no processo conseguem acompanhar e assinar o contrato
virtualmente, sem comparecer aos pontos físicos de atendimento.
O movimento é acompanhado por outros
bancos, e a tendência é de que a prática seja uma realidade ampla no mercado
até o fim de 2023, estimou o presidente da Associação Brasileira das Entidades
de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Rocha Neto.
"Pode escrever. Até o final do
próximo ano, quase todos os agentes financeiros já deverão estar com integração
aos cartórios, ao menos em São Paulo", afirmou, em debate no Summit
Imobiliário, realizado na semana passada pelo Estadão em parceria com o
Secovi-SP. Segundo Rocha, o avanço será significativo, uma vez que o Estado de
São Paulo representa algo próximo de 40% da contratação de financiamentos do
País.
O presidente da Abecip disse que esta é
a segunda onda de digitalização da contratação de crédito imobiliário. A
primeira onda foi acelerada pela chegada da pandemia, quando bancos passaram a
oferecer opções para cotação, simulação e aprovação do crédito por canais
digitais, bem como o envio dos documentos iniciais.
Tempo para obter o empréstimo cairá para 1 semana, diz executivo
Também presente do Summit Imobiliário,
o diretor de crédito imobiliário do Santander, Sandro Gamba, disse que a
digitalização ajudará a derrubar o tempo de contratação dos empréstimos para
até uma semana. "Anos atrás era coisa de 60 a 90 dias. Hoje já evoluiu,
está dentro de um mês. Com essa nova evolução será algo de dias, até coisa de
uma semana se estiver com toda a documentação em ordem", projetou o
executivo.
"Com o registro eletrônico,
estamos falando em uma mudança de patamar para o negócio. Nós sabemos que o
financiamento é uma etapa demandante para todos os agentes da cadeia. Com esse
avanço que todos os bancos estão fazendo, será uma mudança relevante na forma
como se contrata", acrescentou Gamba.
A vice-presidente de habitação da Caixa
Econômica Federal, Henriete Bernabé, afirmou que o banco estatal já está
trabalhando nesse processo e espera um avanço robusto a partir do começo do ano
que vem. Até lá deve ser implantado o Sistema Eletrônico dos Registros Públicos
(Serp), que vai unificar sistemas de cartórios em todo o País e permitir
registros e consultas pela internet - conforme definido pela Lei 14.382/22,
sancionada em junho. A medida promete ainda mais segurança e transparência aos
registros eletrônicos.
"Em janeiro entra em vigor a legislação para os cartórios, com a centralização dos dados. Estamos apostando que a partir de janeiro teremos uma evolução grande rumo a uma contratação 100% digital tanto para construtoras quanto para pessoas físicas", disse Bernabé.
A Caixa já conta com canais digitais
para simulação e cotação, bem como para tramitação de documentos. Mas a
conclusão do processo ainda depende de uma visita do cliente a uma agência
bancária. "Hoje, o que pega é o momento da assinatura do contrato que vem
antes do registro do contrato. Essa ponta ainda não está redonda",
comentou a vice-presidente.
As informações são do jornal O Estado
de S. Paulo.
Fonte: Gáucha ZH