Roma, 13 de outubro de 2022 – Em painel inédito, a plataforma
e-Notariado foi tema de destaque durante o curso de Alta Formação sobre “Os
Desafios do Constitucionalismo Digital”, evento organizado pela Ordem dos
Advogados do Brasil em parceria com a Universidade Sapienza di Roma, que
recebeu a comitiva do Conselho Federal do Colégio Notarial do Brasil para
debater sobre a “Fé-Pública” em ambiente digital”.
Dentro do edifício da sede da Corte
Constitucional Italiana, a mesa debatedora reuniu a presidente do CNB/CF, Giselle
Oliveira de Barros, os diretores Ana Paula Frontini e Ubiratan Guimarães, o
juiz da Corte Constitucional, Giulio Prosperetti, e o notário de Roma e membro
da Comissão de Serviços Notariais Digitais Italianos, Raimondo Zagami.
O tema abre o quarto dia de debates acerca
do Direito aplicado ao uso da tecnologia e como a crescente demanda por
soluções digitais tem transformado paradigmas e requerido a adaptação do poder
judiciário e das atividades extrajudiciais ao redor do mundo. Giulio
Prosperetti agradeceu a presença do notariado brasileiro e destacou a
utilização de ferramentas de certificação digital para a garantia da segurança
jurídica mesmo que realizada de forma remota. “Buscamos cada vez mais integrar
a tecnologia ao trabalho, mantendo o reconhecimento do profissional, sua
experiência e a humanização que o mesmo traz ao processo.
e-Notariado: um caso de sucesso
Coube a Ana Paula Forntini moderar o
painel e abriu os trabalhos ao lembrar que a pandemia acelerou a digitalização
de diversos serviços, incluindo os prestados por órgãos privados e públicos,
tendo que lidar com questões muitas vezes já conhecidos, mas em tempo recorde
devido a situação de emergência. “Como bem sabemos, a digitalização da
atividade notarial trouxe consigo tanto os benefícios quanto os desafios
inerentes às inovações tecnológicas.
Muitos desses desafios foram identificados
desde a popularização da Internet, nos longínquos anos 90”, disse, ao ressaltar
também que mesmo após instaurado em todo o Brasil como caso de sucesso, a
plataforma e-Notariado se desenvolve constantemente devido às características
voláteis do ambiente eletrônico. “Hoje, mais do que nunca, esses desafios
decorrem do fato de que não estamos lidando com constantes e aceleradas mudanças
a serem enfrentadas, mas que existem”, concluiu.
O diretor do CNB/CF e presidente da
Academia Notarial Brasileira, Ubiratan Guimarães, aprofundou o tema da prática
notarial e as atribuições do tabelião em uma disposição das principais
características que estruturam a essencial da realização de um ato notarial. “A
independência, a imparcialidade, a confidencialidade e a responsabilidade são
características indissociáveis de um notário livre, investido de uma missão
pública”, explicou. Ubiratan então deu uma introdução sobre o início do
desenvolvimento dos atos eletrônicos, a partir de soluções de padronização e
coleta de dados, como a Central Notarial de Serviços Compartilhados (Censec), e
comentou o cenário de calamidade pública da qual nasceu o e-Notariado. “A
quebra dos paradigmas foi deflagrada pela triste situação pandêmica que afligiu
o mundo. Com efeito, os citados paradigmas foram superados, graças ao preparo
técnico e um colegiado forte, que se aplicou sobre os estudos já realizados”,
disse.
A presidente do CNB/CF, Giselle Oliveira
de Barros, deu continuidade à fala ao discorrer sobre o funcionamento prático
da plataforma e-Notariado. Para Giselle, um dos pilares do ambiente digital de
atos eletrônicos é a certificação digital, mais precisamente em forma da
criação do Certificado Digital Notarizado como ferramenta democrática e de
inclusão digital, o que garante “segurança online de última geração emitida de
forma totalmente gratuita à população”, explicou.
A presidente também reforçou que o ponto de
partida para o funcionamento da plataforma passa pela publicação do Provimento
número 100, de 26 de maio de 2020, do CNJ, que regulamentou e possibilitou a
prática notarial de forma totalmente remota. “Há aspectos-chave na transposição
da Fé-Pública para o ambiente eletrônico tratadas pelo Provimento 100 que
demandam a coleta de vontade por videoconferência, a aposição de assinatura
eletrônica em documento digital e a utilização de uma solução padronizada e
disponível a todos, em todo o território nacional”, disse.
Por fim, Giselle citou alguns dos números
do e-Notariado nos últimos 2 anos, que soma mais de 35 mil atos protocolares
realizados no último mês de setembro e mais de 8 mil assinaturas eletrônicas
realizadas com o Certificado Digital Notarizado nas últimas 24 horas. Presentes
na mesa, o juiz da Corte Constitucional da Itália, Giulio Prosperetti se disse
surpreso e contente em ver um uso tão amplo do e-Notariado.
O notário de Roma e membro da Comissão
Comissão de Serviços Notariais Digitais Italianos, Raimondo Zagami, encerrou o
painel ao pontuar a crescente busca do país por soluções tecnológicas que se
assemelhem a do Brasil, mantendo as características do notariado italiano e
respeitando suas peculiaridades enquanto “enfrenta resistência de muitos
profissionais que ainda não se convenceram da necessidade e da relevância da
migração da atividade para o mundo online”. Ao puxar uma mesa digitalizadora de
sua mochila, Zagami comentou o uso da tecnologia para inserir assinaturas em
documentos em PDF que podem ser enviados por uma plataforma do governo à toda a
Europa. “Há diversas limitações sobre quais atos podem ser feitos e enviados
desta forma, mas trabalhamos cada dia mais para utilizarmos as facilidades e a
magnitude da parceria entre países da União Europeia para se realizar cada vez
mais translados digitais entre fronteiras, oq eu garantirá ainda mais
investimentos e a instalação de novos negócios em nosso país”, concluiu.
Fonte: CNB/CF