A Assembleia Legislativa do Rio
Grande do Sul poderá contar com uma Comissão Permanente de Proteção Civil
destinada a discutir e acompanhar as políticas públicas relacionadas à
prevenção e ao enfrentamento de situações de emergência causadas por desastres
naturais.
A proposta é do deputado Capitão Martim
(Republicanos), que apresentou um projeto de resolução para criar a comissão
que contaria com 12 membros titulares e igual número de suplentes, indicados
pelos partidos com representação na Casa.
Segundo o deputado, o Rio Grande do Sul é um estado
que sofre frequentemente com os efeitos de fenômenos climáticos extremos, como
enchentes, estiagem, granizos, vendavais, geadas e incêndios que afetam a
população e o patrimônio público e privado. A diversidade geográfica e
climática apresenta desafios relacionados à segurança da população e
ocorrências de desastres naturais são frequentes, especialmente em épocas de
estiagem e chuvas intensas, afetando regiões inteiras, causando danos materiais
e colocando vidas em risco.
“O clima gaúcho é um dos mais adversos do mundo, com
ventos de mais de 100 km/h, inundações, secas e estiagem. Os eventos exigem uma
atuação rápida e eficiente do poder público, tanto na gestão de riscos quanto
na resposta às emergências, buscando minimizar os danos e garantir a
assistência às vítimas. Por isso, é importante que o Legislativo tenha um
espaço permanente para debater e fiscalizar as ações do Executivo nessa área,
bem como para propor medidas legislativas que contribuam para a proteção civil”,
justificou o parlamentar.
O projeto se inspira em experiências de outros
estados que já possuem comissões permanentes sobre o tema, como Santa Catarina,
que criou a sua após as fortes chuvas que atingiram o estado em 2008 e 2009.
Atribuições
A Comissão Permanente de
Proteção Civil teria entre suas atribuições: desenvolver seus trabalhos de
forma íntegra com as demais comissões; promover audiências públicas,
seminários, palestras e outros eventos sobre a temática da proteção civil;
receber e encaminhar denúncias, reclamações e sugestões da sociedade civil
sobre as questões relativas à defesa civil; acompanhar e avaliar os planos,
programas e projetos do governo estadual na área de proteção civil; solicitar
informações e documentos aos órgãos competentes sobre as situações de
emergência ou calamidade pública declaradas no estado; visitar as áreas
atingidas por desastres naturais ou provocados pelo homem; e elaborar
relatórios periódicos sobre as atividades da comissão.
O deputado Capitão Martim justificou a proposta ao
apontar dados apresentados pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e
Infraestrutura no ano de 2022, apontando que ao longo de 17 anos, entre 2003 e
2021, o Rio Grande do Sul registrou um total de 4.230 ocorrências de desastres
naturais.
Relatou também que entre os anos de 2017 a 2021, mais
de 4,4 milhões de pessoas em 482 dos 497 municípios do Estado foram afetadas
por estes eventos naturais, que englobam fenômenos como estiagens, alagamentos,
inundações e chuvas intensas, entre outros. Os prejuízos econômicos
contabilizados nesses eventos nos quatro anos foram estimados em R$ 22,9
bilhões, sendo 97,6% no setor privado e 2,3% do poder público.
Desastres Naturais em 2023
Mais recentemente, no ano de
2023, foram pelo menos três eventos de grande magnitude, entre o mês de junho e
setembro, em diferentes regiões do nosso Estado. A Comissão de Representação
Externa da Assembleia para acompanhar os serviços e ações realizados nas
cidades gaúchas atingidas pelos ciclones de junho, reportou em números totais:
69 municípios relataram problemas decorrentes das chuvas intensas, registradas
16 mortes, 214 feridos, 4.047 desabrigados, 54.612 desalojados e 553.321
afetados. No ciclone de julho foram reportados em números totais: 75
municípios relataram problemas decorrentes das chuvas intensas, registradas 02
mortes, 32 feridos, 520 desabrigados, 673 desalojados e 18.079 afetados. O
último evento, ocorrido entre os dias 4 e 5 de setembro, tem registro até o dia
07, 39 mortos, 2.745 pessoas resgatadas, 79 municípios afetados, 2.505
desabrigados e 3.575 desalojados, 56.787 afetados, além das pessoas
desaparecidas que ainda não conta com números totalizados.
“Os dados evidenciam a
necessidade de debate e aprofundamento em ações permanentes para a prevenção e
mitigação de desastres promovendo a discussão e implementação de políticas
públicas voltadas para a prevenção e mitigação de desastres naturais, humanos e
mistos, visando a segurança da população e a preservação do patrimônio”.
O projeto ainda precisa ser
apreciado pelas comissões técnicas da Assembleia Legislativa antes de ser
votado.
Fonte: ALRS
https://ww3.al.rs.gov.br/agenciadenoticias/destaque/tabid/855/IdMateria/332788/Default.aspx