Centenas de pessoas em várias capitais brasileiras
fizeram, neste sábado (19), um gesto de solidariedade. Se registram para serem
doadora de órgãos.
O construtor Welington Paezel está na fila de
prioridade para receber um coração. Internado desde agosto em um hospital
de Belo
Horizonte, ele se sente cada dia mais fraco.
"Meu desejo é tão simples, que às
vezes a pessoa não dá valor à simplicidade do que tem no dia a dia. Andar a pé
10 metros, beber um litro de água, esse é o meu sonho. Passear com minha
família, meus filhos, amigos... Só com o transplante vou conseguir realizar
esse sonho", relata.
Para reduzir a espera e a angústia dos pacientes, os
cartórios criaram um mutirão para incentivar a doação de órgãos. Postos foram
montados em locais de grande movimentação em 14 capitais, como em um shopping
de Belo Horizonte. Lá, o doador consegue emitir uma autorização eletrônica de
doação de órgãos, gratuitamente.
O registro é gravado e fica na base de dados dos
cartórios.
"A ideia é captar a manifestação de vontade da
pessoa. Ela fala: 'Eu desejo doar tais órgãos.' Aquilo fica salvo para sempre
na base de dados do Colégio Notarial do Brasil e pode ser acessado pela
família, se houver dúvida no momento posterior", explica Eduardo Calais,
vice-presidente do Colégio Notarial do Brasil.
A doação de órgãos sempre foi um desejo de Niralda,
que aproveitou o passeio no shopping para deixar seu registro.
"Eu decidi doar todos, porque me vejo continuando
em vida no corpo de outras pessoas. Estou me sentindo realizada hoje", diz
a advogada, Niralda Toledo.
O Ministério
da Saúde é parceiro da campanha. A ministra Nísia Trindade destaca
que o registro em cartório é essencial para sensibilizar as famílias, que
precisam autorizar a doação.
"Pela legislação brasileira, somente com a
aceitação da família é possível realizar a doação. Sabemos que muitas vidas são
salvas — um doador pode salvar até cinco pessoas. Essa ação tem uma importância
fundamental para o Sistema Nacional de Transplantes", afirma a ministra da
Saúde.
Quase 45 mil pessoas aguardam por um transplante de
órgão no Brasil. São
Paulo é o estado com o maior número de pacientes na
fila, seguido por Minas Gerais, Paraná e
Bahia.
O médico Agnaldo Soares, da Santa Casa de Belo
Horizonte, explica que o ideal é que o órgão seja transplantado o mais rápido
possível depois de confirmada a morte encefálica do doador.
"O processo é muito seguro, desde a realização
dos exames para confirmar a morte encefálica. Nossa legislação é mais exigente
do que a de muitos países. São feitas duas baterias de exames, que são
arquivadas para auditorias, garantindo que a pessoa está em estado de morte
encefálica, que é, em última análise, a morte do indivíduo", destaca
Agnaldo Soares Lima, chefe de transplante de fígado da Santa Casa de BH.
A maioria dos pacientes na fila espera a doação de um
rim. É o caso do Deivid. Há quatros, ele faz hemodiálise não perde a esperança.
Fonte: Jornal
Nacional - TV Globo