O governo federal adotou mais uma
medida para desburocratizar o registro de empresas no Brasil, com a publicação
do Decreto
nº 9.927/2019 ontem, 23, no Diário Oficial da União. O texto modifica
a estrutura do Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do
Registro e da Legalização de Empresas e Negócios.
Segundo o Ministério da Economia,
apesar de a medida ser direcionada aos membros e ao funcionamento do Comitê,
alcança empreendedores e profissionais que atuam com abertura de empresas, além
de beneficiar a sociedade, uma vez que a facilidade para abertura de empresas é
parâmetro mundial para atração de investimentos internacionais e consequente
geração de empregos.
A mudança adequa o Comitê às
alterações previstas no Decreto
nº 9.759/2019 e inclui em sua composição órgãos responsáveis pelo
licenciamento, etapa mais demorada do processo de abertura de empresas. Assim,
de acordo com a diretora substituta do Departamento Nacional de Registro
Empresarial e Integração, órgão que integra a estrutura da Secretaria de
Governo Digital do Ministério da Economia, Anne Caroline Nascimento, a reformulação
do colegiado propiciará funcionamento mais ágil e menos burocrático do Comitê.
“É extremamente importante para
efetivação das ações voltadas à melhoria do ambiente de negócios e
imprescindível para significativa redução do número de dias para abertura de
empresas no Brasil”, afirma a diretora.
Com as mudanças, o Comitê passa a
ser composto por representantes do Ministério da Economia e de membros
indicados da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça
e Segurança Pública, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério
da Saúde, do Ministério do Meio Ambiente, do Sebrae e outras entidades.
Faz parte, também, do Comitê um
representante dos municípios, indicado em sistema de rodízio anual pela
Confederação Nacional de Municípios ou pela Frente Nacional de Prefeitos, e um
secretário municipal de Fazenda, indicado pela Associação Brasileira das
Secretarias de Finanças das Capitais.
Para o advogado e professor de
Direito Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, o tempo e o volume de documentos
exigidos para a abertura de empresas no país impactam negativamente no ambiente
de negócios. “Muitas empresas estrangeiras, por exemplo, deixam de investir no
País em razão do excesso de normas e exigências. Isso vale para o fechamento
destas, quando a burocracia é igualmente complexa e penosa. A redução do prazo
de abertura terá impacto significativo na economia brasileira. Assim, o
empreendedor perderá menos tempo na busca por formulários e declarações e
poderá dedicar mais energia para montar o seu negócio, gerar empregos,
movimentar a economia e contribuir para o desenvolvimento do país”, pondera
Jacoby Fernandes.
Projeto de lei em tramitação
Em novembro de 2018, a Comissão
de Ciência e Tecnologia do Senado Federal aprovou, por unanimidade, o Projeto
de Lei – PLS nº 145/2018 do senador José Agripino (DEM/RN) que
facilita a abertura e o fechamento de empresas no Brasil. Dentre outras
medidas, a proposta estabelece que elas poderão ser criadas ou extintas via
internet, por meio do Portal Empresa Simples.
O texto altera a Lei
nº 11.598/2007, que estabelece que o Executivo criará e manterá, via
internet, sistema de orientação e informação sobre etapas e requisitos para
processamento de registro, inscrição, alteração e baixa de pessoas jurídicas ou
de empresários. A modelagem atual, contudo, não dispõe sobre os interessados em
constituir, alterar, transformar, incorporar, fundir, dissolver e extinguir
empresas e pessoas jurídicas por meio do Portal Empresa Simples.
Para o senador, a proposição foi
inspirada em uma lei chilena que desburocratiza a abertura e o fechamento de
empresas e coloca o Chile em primeiro lugar na América do Sul no relatório do
Banco Mundial de 2017 sobre abertura de empresas. Em algumas cidades
brasileiras, segundo estudo da empresa Endeavor, o tempo de abertura de
empresas é ainda mais longo do que a média nacional: em Caxias do Sul/RS, são
necessários 140 dias; em Vitória/ES, 178 dias; e em Fortaleza/CE, 266 dias.
Fonte: Brasil News