A importância de aprimorar o uso
dos dados estatísticos na administração judiciária para a formulação e
acompanhamento de políticas públicas. Esse é o tema do III Workshop Estatística
do Poder Judiciário que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realiza nesta
quinta e sexta-feira, 1º e 2 de agosto, em Brasília. O evento reúne os
responsáveis pela produção de estatísticas dos diferentes ramos do Judiciário e
visa proporcionar a esses profissionais a atualização e troca de informações
sobre o emprego e aperfeiçoamento dos dados estatísticos na Justiça.
Ao fazer a abertura do workshop,
o conselheiro do CNJ Fernando Mattos disse que a finalidade do sistema de estatística
do Poder Judiciário, conforme a Resolução n. 76/2009, é fazer a coleta de
informações e produzir indicadores estatísticos precisos e confiáveis que
possibilitem comparações, diagnósticos e análises estatísticas.
O sistema também é responsável por
mensurações e avaliações de desempenho ou produtividade de órgãos, de
magistrados e servidores que subsidiam a tomada de decisões relacionadas ao
planejamento e gestão estratégica das instituições do Judiciário.
Considerando a importância da
estatística e o atual contexto de disponibilidades do orçamentário público,
Fernando Mattos disse que será necessário fazer mais com os recursos
disponíveis.
“A área da estatística é
fundamental, porque permite conhecer o Poder Judiciário e suas principais
demandas”, afirmou. “Restrições orçamentárias e financeiras vão exigir de nós
criatividade, que trabalhemos mais com menos ou com aquilo que temos, em uma
perspectiva que demanda o trabalho dos senhores e senhoras (profissionais de
estatística)”, completou.
O secretário de Programas
Especiais do CNJ, Richard Pae Kim, disse que a gestão estratégica e o
planejamento somente podem ser feitos com o acompanhamento contínuo das
estatísticas, metas e indicadores.
Nesse sentido, Pae Kim lembrou
que muito se evoluiu nos últimos anos em relação ao acesso à informação,
padronização e consolidação dos dados nacionais, mas que ainda há um longo
caminho a ser percorrido para obter maior consistência entre sistemas,
alimentação correta e contínua dos dados e lançamentos mais precisos.
“É necessário que os
profissionais da área de estatística, capacitados para trabalhar com grandes
volumes de dados, se debrucem sobre os registros primários constantes dos autos
dos processos de seus tribunais, tais como classes, assuntos, movimentos, dados
das partes, entre outros. Sem essas informações corretamente cadastradas e
validadas não há como se falar em diagnósticos confiáveis”, comentou.
Entre os temas que serão objeto
de palestras e debates no evento constam “Gestão de Tabelas Processuais Unificadas
e parametrização com o relatório Justiça em Números”, “Ciência de dados
aplicada ao direito” e “Previsão do resultado final de uma ação judicial por
meio de modelos tópicos”.
Aprimoramentos
Também presente ao evento, a
conselheira do CNJ Maria Tereza Uille lembrou que, por ocasião da criação do
CNJ, a Constituição Federal instituiu a necessidade de que anualmente o
presidente do órgão de cúpula do Judiciário envie ao Congresso Nacional
relatório com os principais dados e diretrizes do Judiciário.
“E são esses relatórios que
formam o conjunto dos números do Judiciário e que permite avaliar e conferir
maior eficiência, eficácia e transparência às políticas públicas do
Judiciário”, disse a conselheira ao fazer referência à importância da
estatística.
Ela lembrou que o acervo do
Judiciário é formado por 80 milhões de processos e que é graças à estatística
que hoje é possível saber, por exemplo, os principais temas do direito penal,
cível e administrativo, entre outros ramos.
Em termos de aprimoramento e no
âmbito do direito penal, a conselheira informou que 77 países adotam uma
classificação internacional de crimes e que é necessário que o Brasil passe a
integrar esse grupo. Para ela, o Judiciário brasileiro possui dados do direito
penal, porém, essas informações estatísticas ainda não estão indexadas à
classificação internacional de crimes. “É um assunto importante e isso
permitiria comparar a situação penal do Brasil com a situação penal de outros
países”, disse.
Compartilhamento entre tribunais
Na busca por aprimoramentos na
coleta e uso dos dados estatísticos, o conselheiro do CNJ e ministro do
Tribunal Superior do Trabalho (TST), Aloysio Corrêa da Veiga, abordou a questão
do compartilhamento de experiências e informações entre os tribunais e a relevância
disso para a credibilidade. “É necessário que a sociedade tenha no Judiciário a
crença da distribuição de justiça e todos os setores são co-responsáveis para
atingir essa finalidade maior”, afirmou. Segundo o conselheiro, a gestão da
informação compõe a estrutura de conhecimento e a base de dados pelo qual o
CNJ, que coordena todo esse sistema, dá transparência à atividade do Poder
Judiciário no país.
Também participam do III Workshop
de Estatística no Poder Judiciário, a diretora-executiva do Departamento de
Pesquisas Judiciárias do CNJ, Gabriela Moreira de Azevedo, e a juíza auxiliar
da Presidência do Conselho Lívia Cristina Marques Peres.
Curso “Sistema R”
Após a abertura, os responsáveis
por estatísticas nas unidades judiciárias participaram da primeira parte do
curso de introdução ao “Sistema R para ciência de dados”.
O “R” é um software livre de
código aberto, criado em 1993 na Nova Zelândia e muito utilizado em diversas
áreas em linguagem para computação estatística e gráfica.
No Judiciário, o “Sistema R” é
empregado na elaboração do relatório “Justiça em Números”, editado pelo CNJ. A
intenção é que os profissionais ampliem e aprofundem o uso desse software nas
unidades judiciárias.
Fonte: CNJ