O Senado abriu na
manhã de quarta-feira (23) o Seminário Gestão Arquivística de Documentos do
Legislativo Federal 2019. Focado na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei 13.709, de 2018) e seu impacto nos arquivos, o evento
debateu os desafios enfrentados por arquivistas e instituições na guarda dos
direitos de privacidade e na oferta adequada de informações públicas. O
seminário, que ocorre no Senado e na Câmara, é promovido pela Associação de
Secretários-Gerais dos Parlamentos de Língua Portuguesa.
A diretora-geral do
Senado, Ilana Trombka, afirmou que o encontro ocorre numa data próxima a dois
acontecimentos importantes: o Dia do Arquivista, celebrado em 20 de outubro, e
o Dia do Servidor Público, no próximo dia 28. Ilana destacou que seria oportuno
fazer uma reflexão sobre o papel do arquivista como servidor público, cuja
missão possui especificidades peculiares quando comparada a organizações
privadas.
— O que se agrega
nessa função ao resolvermos trilhar uma carreira no serviço público? Não é a
mesma coisa do que ser arquivista em outra organização. E o que devemos fazer
com as informações que circulam e como tornar públicas as informações que assim
devem ser? Tornar público não é apenas colocar à disposição das pessoas, mas
sim deixá-las atraentes e também de fácil linguagem.
Ilana disse ainda
que é preciso discernir o que deve e o que não deve ser público. De acordo com
ela, isso representa um dos principais “dilemas” quando o assunto é gestão da
informação.
— E o dilema não é
só o registro e a classificação da informação. Os desafios nessa área são muito
amplos e globais. Por isso, faz todo sentido que discutamos não apenas no
âmbito do Brasil, mas também dos países de língua portuguesa. Ainda há outro
fator: falamos de uma lei que rege o território nacional, mas o fluxo de
informações não respeita essa fronteira — concluiu.
O documentalista da
Assembleia Nacional da Guiné-Bissau Fonseca Nanque destacou a importância do
arquivo como elemento fundamental para desvendar o passado.
— O arquivo é o
elemento-chave para as pessoas saberem o que aconteceu no passado, como o
presente está e as medidas que devem ser tomadas para evitar o mal, que é o que
a sociedade está vivendo hoje.
O diretor do Centro
de Documentação e Informação da Câmara, André Freire, ressaltou a satisfação de
debater um tema tão fundamental e que tem impacto direto no funcionamento dos
arquivos.
— Ao mesmo tempo em
que é necessário garantir a transparência, também é importante oferecer a
proteção dos dados pessoais do cidadão que interage no setor público. É um
grande desafio e que deve ser alcançado de forma cuidadosa — concluiu.