Ao apresentar um balanço do ano
que se encerra, o presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo
Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, destacou os princípios da
eficiência, da transparência e da responsabilidade como norteadores da atuação
dos dois órgãos de cúpula da Justiça em 2019.
Divulgado anualmente, o Relatório Justiça em Números 2019 revelou uma
queda de processos em tramitação no país – inédita em 15 anos de acompanhamento
estatístico – de 1,5 milhão de ações judiciais.
“A redução do acervo de processo
foi acompanhada da redução da despesa, revelando um incremento da eficiência do
Poder Judiciário brasileiro”, disse o Ministro Dias Toffoli. De acordo com os
dados mais recentes, que consideram estatísticas de 2018, a despesa total caiu
0,4% em relação ao ano anterior, apesar de mantidos os investimentos em
tecnologia.
O Mês Nacional do Júri, processos de acusados de
crimes dolosos contra a vida, pautou sessões para o julgamento de 5.004 processos.
Com a articulação e coordenação do CNJ, os tribunais de Justiça do país
realizaram 3.768 sessões do tribunal do júri, nas quais 4.292 sentenças foram
proferidas. Equivale a um acréscimo de 21% de julgamentos, em relação ao
desempenho da iniciativa em 2018. Durante todo o mês de novembro, 1,5 mil
magistrados e 6,3 mil servidores do Judiciário, fora os advogados, defensores e
promotores públicos, estiveram envolvidos para tornar essa mobilização nacional
possível.
Continuidade
O ministro Dias Toffoli afirmou
dar andamento a ações lançadas anteriormente ao mesmo tempo em que apresenta
novas ações e parcerias. “Neste ano, demos continuidade a programas que são
verdadeiros mutirões em prol da aplicação da lei e da proteção de direitos.”
O ministro citou como exemplo de
continuidade o desempenho do programa Justiça pela Paz em Casa, instituída pela gestão da
ministra Cármen Lúcia à frente do CNJ, o programa tem por objetivo ampliar a
efetividade da Lei Maria da Penha, que pune os agressores de mulheres e previne
com medidas protetivas novos casos de violência. Ao longo de 2019, o programa
realizou três mutirões que resultaram na realização de 57.379 audiências, 344
sessões do Tribunal do Júri para julgar crimes de feminicídio, 46.445 sentenças
proferidas e 25.925 medidas protetivas deferidas em processos relacionadas à
violência de gênero.
Inovação
O marco de 2019 também foi a modernização
do Poder Judiciário e a adoção de novas ferramentas digitais e de inteligência
artificial, segundo o ministro Dias Toffoli. Em relação ao sistema prisional, o
ministro lembrou a expansão do Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU)
para 25 tribunais estaduais (TJs) e quatro federais (TRFs). O sistema que vai
modernizar e unificar, sob o controle da Justiça, o monitoramento da população
carcerária já conta com um milhão de processos de execução penal cadastrados.
Além disso, foram inaugurados oito Escritórios Sociais em seis estados
(Roraima, Paraíba, Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro e Piauí), para servir como
ponto de referência para pessoas que deixam a prisão sem condições de
reintegração social.
O ministro destacou o contínuo
desenvolvimento do Processo Judicial Eletrônico (PJe) entre os
projetos da área de tecnologia da informação do CNJ. Entre eles destacam-se: a
nova arquitetura do PJE, a plataforma de governança digital do Judiciário e o
Projeto SINAPSES, que busca implementar serviços de Inteligência Artificial ao
PJe.
Parcerias
O ministro atribuiu os êxitos do
trabalho do STF e do CNJ, internamente, ao esforço conjunto de ministros,
conselheiros, assessores, juízes auxiliares e de suas equipes. “Todos estão
engajados em um Poder Judiciário mais eficiente, transparente, responsável e
cada vez mais preparado para os desafios do século 21”, disse. Também foi
reconhecido o esforço de todos os tribunais, juízes, servidores, dos membros do
Sistema de Justiça, e de parceiros externos, como o Poder Executivo, União,
estados, municípios e a sociedade civil organizada.
Lembrou ele que, por meio
do Pacto Nacional pela Primeira Infância, o CNJ está
realizando atividades nas cinco regiões do país, em parceria com instituições
públicas e sociedade civil, fortalecendo a atuação do Sistema de Justiça na
promoção dos direitos da criança. Até hoje, são mais de 100 parceiros entre
ministérios, governos estaduais e municipais, parlamentos, entidades do Sistema
de Justiça e organizações da sociedade civil, que estão trabalhando para
implementar, com sucesso, o Marco Legal da Primeira Infância.
O novo e reformulado Sistema
Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) já registra 2.559
reintegrações de crianças e adolescentes aos seus genitores. Foram concluídas
559 adoções e realizadas ainda 9.764 vinculações de crianças a pretendentes,
incluídos estágios de convivência para 778 crianças, “ou seja, as crianças
estão em processo de aproximação que poderá resultar em mais adoções em 2020”,
disse o ministro.
Além de ações ligadas a área da
infância, o CNJ promoveu ao longo do ano uma articulação institucional que
aumentou a adesão ao acordo coletivo homologado pelo STF para o ressarcimento a
correntistas das perdas financeiras decorrentes dos planos econômicos. Os mutirões
da conciliação e semanas da poupança, promovidos pelos tribunais, registraram
cerca de 90 mil adesões ao acordo. A ação envolve recursos da ordem de R$ 1,5
bilhão. “É o maior acordo privado de que se tem conhecimento, de maneira
coletiva”, disse o ministro.
Responsabilidade
Foi instituído neste ano, em
parceria com o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o Observatório Nacional sobre Questões Ambientais, Econômicas
e Sociais de Alta Complexidade, Grande Impacto e Repercussão.
“Com isso, casos que estavam esquecidos, às vezes esquecidos até da própria
imprensa, como o da Boate Kiss, a questão da chacina de Unaí, casos de
repercussão enorme como Mariana e Brumadinho, estão tendo uma atuação
coordenada do CNJ e CNMP para que as instâncias judiciais e os atores do
Sistema de Justiça – Ministério Público, advocacia e defensoria pública –
também atuem de forma coordenada para garantir a aplicação da lei e a proteção
do direito das pessoas afetadas”, disse o ministro. Toffoli destacou ainda a
ação recente no caso do Bairro Pinheirinho e áreas vizinhas, em Maceió, que
podem atingir milhares de pessoas.
“Encerramos 2019 comprometidos
com o contínuo aprimoramento da eficiência, da transparência e da
responsabilidade do Poder Judiciário, firmes no propósito de fornecer uma
prestação jurisdicional de excelência. Nossos maiores objetivos são a
efetividade dos direitos do cidadão, a intangibilidade do Estado democrático de
direito, a segurança jurídica e a paz social. Seguiremos fazendo isso com o
devido diálogo com os demais poderes da República, com as instituições
essenciais à Justiça e com toda a sociedade, com a transparência devida”, disse
o ministro.
Fonte: CNJ